sábado, 18 de julho de 2009

Melhor do que grátis

Se tudo vai virar grátis, aonde/como vamos gastar/ganhar o nosso dinheiro? Se temos o conteúdo X grátis na internet, por que alguém continuaria pagando por isso? Não estou sozinho nessas indagações filosóficas. Os pensadores são unânimes, a resposta só poderá ser formulada se mudarmos nossos paradigmas. Drucker, que faria 100 anos esse ano, costumava dizer que o cliente raramente compra aquilo que você acha estar vendendo. Uma dessas mudanças quando falamos de conteúdo, é pensar nele como serviço. Se o conteúdo é replicável infinitamente e está disponível na rede, fica claro que o valor não está no conteúdo em si. A resposta só pode estar no cliente, afinal é ele quem gasta o seu tempo e dinheiro consumindo.

Os músicos já perceberam que não adianta querer ganhar dinheiro com uma canção, onde o custo de reprodução é R$0. A escassez está no show ao vivo, na camiseta exclusiva, no CD autografado, etc. Outra fonte de receita pode vir de um serviço de compra e entrega das músicas em qualidade superior, com nome de autor e discos e capa correta. O iTunes já faz isso, facilitou a vida de quem quer consumir música, vídeo e agora aplicativos para telefone e não queria ficar atrás de arquivos torrent e sites piratas. Existem outros artistas começando a criar os seus próprios métodos alternativos e de mão dupla com o consumidor/fã. Alguns exemplos são: Radiohead, NIN e Prince.

Kevin Kelly, de quem eu copiei o título desse post, diz que existem 8 coisas que são melhores do que grátis. O que faz as pessoas pagarem por algo que estará disponível gratuitamente? Não espere fórmulas mágicas para solucionar todos os problemas. Sugiro que pensem nesses 8 pontos como: convites para a reflexão sobre o valor de um “serviço” vinculado a um “produto”.

1- Imediatismo - Pagamos para assistir aquele filme que estréia hoje no cinema, mesmo sabendo que vai acabar passando no Corujão em alguns anos.

2- Personalização - Uma camisa social branca pode custar baratinho mas uma feita sob medida nunca. Quanto vale um cd autografado pelo Michael Jackson?

3- Interpretação - Software pode ser grátis, mas o manual custa R$10.000. Muitos autores de livros de negócio ganham pouco com suas obras mas cobram caro pela consultoria sobre o tema.

4- Autenticidade - Aqueles que já baixaram filmes pela internet ou compraram um pirata sabem que o som pode não estar bom ou que no minuto 96 trava tudo, sem falar no trabalho que dá pra encontrar os arquivos. No produto autêntico está implícito que tudo irá funcionar direito com a máxima qualidade. No final do dia, um Picasso vale muito pois tem a assinatura dele. O medicamento “de marca” é mais caro.

5- Acessibilidade - A promessa da educação a distância parece enfim estar se tornando realidade. Escolas de negócio pelo mundo colocam parte de seu curriculum online vislumbrando um mercado global. A grande proposta do Kindle é dar acesso a qualquer livro já publicado. O iPod surgiu dessa premissa também, tenha toda sua coleção de música no seu bolso.

6- Objetos físicos/Experiência - o PDF do livro é grátis mas o livro em papel não. A final da Copa do Mundo de Futebol é transmitida gratuitamente pela TV para milhões de pessoas mas apenas algumas estão lá no estádio, e pagando caro por isso. Mesmo tendo muito conteúdo gratuito na internet, o TED continua atraindo participantes que pagam mais de US$6.000 por evento.

7- Autoria - Quando sabemos que o autor/criador receberá o dinheiro, acabamos pagando com prazer. A presença da corporação tira o sentimento de conexão com o criador. O Radiohead é um bom exemplo, mesmo disponibilizando o cd deles gratuitamente, e pedindo para as pessoas pagarem o quanto acharem justo. A média arrecadada foi de US$5 por cd.

8- Findability - Mesmo sendo grátis, qual o valor de um livro que não pode ser encontrado? Quando temos uma abundância de conteúdo brigando pela nossa atenção, ser achado tem valor. Parte do valor oferecido por uma loja de departamento ou shopping center é saber que iremos encontrar as roupas e acessórios que buscamos. Confiamos neles para pré-selecionar os produtos.

O dinheiro nessa economia não segue o caminho das cópias mas a atenção que é gasta no cliente, cada vez mais poderoso.

Do UoD HSM

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