O vídeo aí de cima circulou pela internet há alguns dias. Pouco antes de começar a série de quebras de recordes de engarrafamentos em São Paulo. Essa experiência foi realizada por uma universidade do Japão e foi divulgado originalmente pela NewScientistTech.
O mérito do vídeo é mostrar, pela primeira vez, a onda de retenção acontecendo sem motivo aparente. E só. Mas por que isso acontece? Perguntaria a curiosa leitora.
Na verdade, há muito tempo que os problemas de transito são tratados como problemas de mecânica dos fluídos. Ou seja, o tráfego é um fluído composto do partículas acéfalas que reagem ao ambiente de contenção, velocidade de propagação e formato da partícula. Em língua de gente, motoristas, ruas e avenidas, velocidade e tipo de veículo.
As equações que tratam isso não são particularmente simples e caem todas, ou quase todas, na família das equações diferenciais. Mas podemos entender o processo se pararmos para pensar só um momento. Ou olharmos atentamente para o vídeo dessa página.
Imagine que todos os carros na marginal Tiete estão andando exatamente a mesma velocidade e estão mantendo a mesma distância entre si. Agora imagine que um deles, o João, reduziu a velocidade por apenas 1 décimo décimo de segundo. Por que espirou.
O Pedro, que está atrás do João percebe a redução e dá um toquinho no freio para reduzir também. Porém, e é aqui que mora o perigo, ele gasta alguns centésimos de segundo a mais para perceber que o outro já está na velocidade normal e voltar seu próprio veículo a velocidade normal.
O Alfredo que está atrás do Pedro vai parar um pouco mais. E ai por diante. Resultado. O pobre do Frank que está a 10 Km de distância do João vai parar uma hora.
A coisa fica pior quando o espaço entre os carros é menor. Nesse caso, qualquer redução de velocidade cria a onda de contenção. Ou seja, se a distância entre o João e o Pedro ou entre o Pedro e o Alfredo fosse de… digamos 100m o João poderia parar que isso não afetaria o Alfredo nem o pobre do Frank que não tinha nada com isso e nem viu o Pedro.
Essa distância é menor quanto maior é o número de veículos nas estradas. Como o transito não é homogêneo. As particulas envolvidas não tem o mesmo formato, não trafegam a mesma velocidade e alguns motoristas são realmente acéfalos a densidade de veículos não depende só do formato e da quantidade, depende também do comportamento destes motoristas. Motoristas mais irritados dirigem mais rápido e param mais vezes. Ou seja, quanto mais os motoristas querem escapar do engarrafamento maiores são os engarrafamentos. Deve ser algum tipo de vingança divina.
Lá do De Pijama
Um comentário:
muito bom vídeo... explica muita coisa sobre o trânsito de sampa... hehe
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